Azul (AZUL4) despenca mais de 55% em abril: entenda o que aconteceu e o que dizem os analistas

O mês de abril foi especialmente turbulento para os acionistas da Azul Linhas Aéreas (AZUL4). As ações da companhia despencaram 55,32%, liderando as perdas entre os ativos que compõem o Ibovespa. Mas o que explica essa queda expressiva? E o que os analistas estão dizendo sobre o futuro da empresa? A resposta envolve um conjunto de fatores financeiros, operacionais e estratégicos que colocaram a aérea sob intensa pressão de mercado.
💸 Oferta de ações abaixo do esperado frustrou o mercado
O principal gatilho para a forte desvalorização foi a oferta malsucedida de ações anunciada pela Azul em abril. A empresa pretendia levantar entre R$ 1,6 bilhão e R$ 4,1 bilhões como parte de seu plano de reestruturação financeira. No entanto, o valor arrecadado ficou abaixo das expectativas, sinalizando ao mercado que o reforço de caixa pode não ser suficiente frente à dívida bilionária estimada em R$ 11 bilhões.
A Nord Research apontou que, apesar da companhia não dar sinais iminentes de falência, ela certamente dependerá de apoio externo ou governamental para atravessar o momento.
📉 Risco elevado e grande diluição acionária
Outro ponto crítico foi a diluição dos acionistas minoritários. Estima-se que a diluição total tenha atingido aproximadamente 61%, afetando diretamente o valor das ações. A fraca adesão dos acionistas atuais à oferta também indicou baixa confiança na retomada da empresa no curto prazo.
A Rico Investimentos alertou que a Azul atua em um setor de alta volatilidade e enfrenta desafios como elevada alavancagem, altos custos operacionais e baixa capacidade de precificação frente à concorrência.
Mesmo com o aumento de capital e a tentativa de conversão de títulos, o efeito líquido na alavancagem foi modesto, reduzindo apenas 0,4 vez a relação dívida líquida/Ebitda. Além disso, parte dos títulos de 2029/30 não foram convertidos em ações por não atingirem o patamar mínimo estipulado de captação.
📊 Como o mercado vê a Azul agora?
Segundo a LSEG, das 8 casas que acompanham a ação:
- 7 recomendam manter a posição
- 1 recomenda venda
O JPMorgan, que antes projetava um preço-alvo de R$ 9,50, retirou essa estimativa, mantendo apenas uma recomendação neutra para AZUL4.
Já o Bradesco BBI aposta em um potencial de recuperação, com recomendação de compra e preço-alvo em R$ 5,00. Por outro lado, a XP e a Rico seguem cautelosas, mantendo a recomendação neutra diante do cenário financeiro delicado.
💡 Conclusão: Azul enfrenta turbulência, mas não está fora do jogo
A situação da Azul é, sem dúvidas, complexa. O mercado reagiu negativamente à combinação de oferta fraca, alto endividamento e possível diluição, o que puxou os papéis para baixo em abril. No entanto, a reestruturação está em andamento, e a empresa ainda possui ativos relevantes e um plano de retomada.
O investidor que cogita entrar ou permanecer na ação precisa estar atento ao perfil de risco elevado, à volatilidade típica do setor aéreo e à capacidade de execução do plano financeiro da empresa nos próximos meses.