A aviação está menos segura? Entenda o cenário atual com dados, fatos e contexto

Apesar da sensação crescente de insegurança, a aviação comercial continua sendo um dos meios de transporte mais seguros do mundo. Mas por que então ouvimos falar, com frequência, sobre acidentes aéreos? Há uma resposta para isso – e ela envolve percepção, estatísticas e principalmente, contexto.
🚨 Acidentes estão mais frequentes no Brasil?
Segundo dados do CENIPA, apenas nos primeiros meses de 2025 já ocorreram 7 acidentes aéreos fatais no Brasil. Em 2024, o país registrou 45 ocorrências, o maior número em oito anos. Mas a maioria desses casos envolvem aeronaves de pequeno porte ou operações privadas, como táxis aéreos e voos agrícolas – e não grandes companhias aéreas regulares.
A causa mais comum apontada pelos especialistas? O fator humano. Mesmo com avanços tecnológicos e aeronaves modernas, a falha operacional ainda representa mais da metade dos acidentes, tanto no Brasil quanto no mundo.
🌍 E no mundo, a aviação está mais perigosa?
De acordo com um estudo da Boeing, a divisão das causas dos acidentes é a seguinte:
- Erro da tripulação: 55%
- Problemas técnicos na aeronave: 17%
- Condições climáticas: 13%
- Falhas no controle de tráfego aéreo: 5%
- Manutenção inadequada: 3%
- Outros fatores: 7%
Esses dados reforçam que a grande maioria dos acidentes tem origem no fator humano, inclusive os classificados como “falha de motor” – que muitas vezes derivam de erros de manutenção ou operação.
✈️ Aviação geral x aviação comercial
Para entender o panorama real da segurança aérea, é preciso diferenciar dois segmentos principais:
- General Aviation (GA): Inclui voos privados, táxis aéreos, agrícolas, esportivos, emergenciais, entre outros. Este é o segmento com maior índice de acidentes, devido à menor estrutura, fiscalização e variabilidade operacional.
- Airlines (voos comerciais regulares): Operações com aeronaves grandes, infraestrutura robusta e padrões internacionais de segurança. Este setor apresenta índices baixíssimos de acidentes, mesmo com o enorme volume de voos.
📈 Números impressionantes da aviação global
Em 2023, segundo a IATA e o ACI World:
- Foram transportados 8,7 bilhões de passageiros no mundo.
- Realizados 37 milhões de pousos e decolagens.
- Movimentadas 115 milhões de toneladas de carga aérea.
- No Brasil: 112,6 milhões de passageiros e 275 mil pousos/decolagens.
Mesmo com esse volume massivo, a taxa global de acidentes caiu:
- De 1,25 por milhão de voos em 2023
- Para 1,13 por milhão em 2024
Já a taxa de fatalidades se manteve em 0,06 — abaixo da média histórica de 0,10.
✅ Então… a aviação está menos segura?
Não. O crescimento de acidentes em determinados contextos — especialmente no Brasil — está relacionado à aviação geral, não à comercial. A aviação como um todo segue em constante evolução, com regulamentações mais rígidas, investimentos em engenharia, treinamento de tripulação e controle de tráfego.
A comoção gerada por um acidente, ainda que raro, é compreensível. Mas estatisticamente, o avião continua sendo o meio mais seguro para longas distâncias.
🧠 Conclusão
A aviação não está menos segura. Pelo contrário, está mais monitorada, regulamentada e equipada tecnologicamente do que nunca. Mas ainda é preciso investir — principalmente no setor privado — para que o fator humano deixe de ser o maior vilão das estatísticas.
Como diz Willie Walsh, diretor-geral da IATA:
“Honramos a memória de cada vida perdida com nossas mais profundas condolências e uma determinação cada vez maior para tornar o voo ainda mais seguro.”